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PLANTADO NO MEIO DO MUNDO

Em 2009, passei 3 meses em São Tomé e Príncipe, um dos países mais pobres do mundo. Nem sempre foi assim. Durante anos, ainda no período colonial e logo depois, São Tomé esteve entre os principais produtores mundiais de cacau. No início do século XX, chegou a dominar o mercado internacional, produzindo 50 mil toneladas por ano. O sistema de produção era baseado em fazendas, chamadas “roças”, e na mão de obra fornecida sobretudo por trabalhadores de outra das colônias portuguesas, Cabo Verde. O escritor Miguel de Souza Tavares escreveu, sobre essas roças, o seu principal livro: “Equador”. Após a independência, as roças foram nacionalizadas e, paulatinamente, perderam a sua produtividade. Em 2009, a maioria havia falido. O que sobrava delas eram prédios abandonados e máquinas destruídas, imensas carcaças lentamente canibalizadas pela população, que vendia os seus despojos aos pedaços: primeiro os móveis, depois esquadrias, vidros, escadas, telhas, tijolos, pisos, vigas e finalmente as pedras que sobravam. Foi essa a decadência que encontrei e que me inspirou a fotografar e produzir um livro e uma exposição. Em 2010, o livro foi lançado pela Fundação Alexandre de Gusmão. Um ano depois, a exposição passou por São Tomé e Cabo Verde. Faça o download do livro aqui.

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